A bolha de viores

   Hoje, quando te vi por detrás de um vidro espesso de uma montra, lembrei-me do quanto feliz ficava quando brincava contigo.

   De olhos bem abertos e brilhantes, relembrei as tardes que passava em cima de um velho banco, debruçada sobre a janela a expirar e a inspirar o ar que iria dar asas a tantas cores. Cores essas que, mais tarde, acabavam por desaparecer quando atingiam um certo limite - essa era a parte que menos gostava.

   Com todas estas brincadeiras, sempre me quises-te mostrar que a vida deve ser levada de cabeça erguida e nunca com imagens a preta e branco. A vida tem demasiadas cores para serem desperdiçadas num abrir e fechar de olhos, porque quando menos esperarmos, a bolha de ar que subia o céu desaparecera e nunca mais existira.